Afonso Dhlakama e Venâncio Mondlane: Duas Faces da Oposição em Moçambique**
De comandante guerrilheiro a deputado combativo, o percurso de Dhlakama e Mondlane revela os diferentes rostos da luta política contra a hegemonia da FRELIMO.**
**Maputo, 28 de Agosto de 2025** — A história da oposição moçambicana não se pode contar sem mencionar duas figuras centrais: Afonso Dhlakama e Venâncio Mondlane. Embora separados por gerações e estilos de atuação, ambos partilham o mérito de desafiar a supremacia da FRELIMO, o partido no poder desde a independência em 1975.
**Afonso Dhlakama: o comandante que virou político**
Líder carismático e controverso, Afonso Dhlakama emergiu como comandante da RENAMO durante a sangrenta guerra civil que dividiu Moçambique entre 1977 e 1992. Após os Acordos de Paz de Roma, foi fundamental na transição da RENAMO de movimento armado para força política legalizada. Dhlakama disputou todas as eleições presidenciais entre 1994 e 2014, tornando-se um símbolo da oposição formal e da esperança por alternância democrática para milhões de moçambicanos.
Apesar de nunca ter chegado à presidência, Dhlakama consolidou o seu legado como defensor do multipartidarismo. Para muitos, foi o “pai da democracia moçambicana”, mantendo viva a chama do pluralismo político em momentos críticos da jovem democracia do país.
**Venâncio Mondlane: a nova geração da oposição**
Por outro lado, Venâncio Mondlane representa uma nova abordagem à oposição política. Jovem, dinâmico e frequentemente direto nas suas críticas ao governo, Mondlane tem se destacado pela sua postura firme contra a corrupção e pela defesa das liberdades civis. Ex-membro da RENAMO e atualmente ligado ao partido Nova Democracia, é visto como uma das vozes mais influentes da oposição contemporânea.
Com forte presença nas redes sociais e uma ligação ativa com a juventude urbana, Mondlane encarna uma nova forma de fazer política em Moçambique — mais mediática, mais assertiva e menos dependente das estruturas tradicionais.
**Duas eras, um objetivo comum**
Enquanto Dhlakama marcou a oposição com um legado de resistência e institucionalização política, Mondlane procura revitalizá-la com uma agenda de reformas e modernização. Juntos, mesmo que em tempos e estilos diferentes, representam o contínuo esforço por uma Moçambique mais democrática, justa e plural.
Ambos são, assim, duas faces de uma mesma moeda: a luta pela construção de uma verdadeira alternância política num país onde o poder tem sido historicamente monopolizado por um único partido.